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17/02/2009

 
 
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Ponte Tatuapé

 

Incêndios sob a obra

 

 

A TECPONT realizou, em caráter de emergência, o projeto e o acompanhamento técnico dos trabalhos de recuperação e dos ensaios na Ponte Tatuapé, que envolveram o escoramento e o reforço dos pilares e dos tabuleiros danificados por incêndios nas construções de madeira clandestinas existentes sob a estrutura.

 

Incêndio de 28/7/95

 

A Ponte Tatuapé foi vistoriada no dia 28/7/95, logo após o incêndio ocorrido durante a madrugada nos barracos da favela instalada sob a obra. Na oportunidade, verificou-se que o tabuleiro mais atingido foi o que recebe o tráfego da Via Dutra e da marginal local do Tietê, em direção à Avenida Salim Farah Maluf, o tabuleiro IV, em concreto protendido e de largura variável, que possui 2 vãos contínuos, 3 vigas longitudinais, seção caixão com lajes laterais em balanço.

 

O fogo intenso atingiu mais o vão entre os pilares P9 e P10 (pista da Dutra) e P9 e P47 (acesso da marginal local), próximo à junta dos tabuleiros IV e V, últimos vãos dos tabuleiros V e XVII, destacando o cobrimento das lajes de fundo e dos balanços expondo a armadura frouxa do fundo do caixão e da laje em balanço. No meio dos vãos, foram constatadas fissuras envolvendo a laje de fundo e as vigas do caixão.

 

Os aparelhos de apoio de elastômero fretado do pilar P10 se encontravam totalmente queimados. O concreto do pilar se apresentava com tonalidades rosa, entretanto o cobrimento das armaduras não chegou a destacar. No fundo do berço de apoio da transversina, a armadura principal foi exposta. O pilar P11, apoio intermediário do tabuleiro, não foi atingido com a mesma intensidade que o pilar P10 da junta. Entretanto, somente com uma análise dos ensaios poder-se-ia concluir se suas características teriam sido prejudicadas.

 

Logo após a vistoria inicial, foram definidos os trabalhos de limpeza para exame da estrutura, indicados os ensaios de qualidade dos materiais, assim como iniciada a busca dos detalhes existentes do projeto estrutural nos arquivos da Prefeitura.

 

Incêndio de 14/8/95

 

Durante a execução dos trabalhos iniciais de campo, ocorreram em várias oportunidades divergências entre os moradores da favela, que exigiam condições especiais para a sua relocação em outro local, condição imprescindível para a execução dos serviços. Foi então que no final da tarde do dia 14/8/95, outros incidentes provocaram um novo incêndio, agora de grandes proporções, envolvendo novamente parte do tabuleiro IV, o primeiro vão do tabuleiro V e vários vãos do tabuleiro XVII.

 

Avisados, comparecemos ao local ainda durante o sinistro e pudemos acompanhar os trabalhos do Corpo de Bombeiros até podermos, já noite, ter acesso à região próxima da área atingida. De imediato, verificou-se que o tabuleiro IV, que já havia sido atingido pelo incêndio anterior, apresentava novas fissuras na laje de fundo e aquelas anteriormente já constatadas estavam com aberturas nitidamente maiores.

 

A totalidade da superfície inferior dos tabuleiros atingidos se encontrava com a armadura frouxa exposta, com perda total de sua aderência ao concreto. Os pilares P10 (Tab.IV), P11 (Tab.V), em especial, e os pilares P50, P51 e P52 (Tab.XVII) da rampa foram muito danificados, visto que praticamente toda a sua armadura principal ficou solta do concreto e formaram-se cunhas de ruptura na região de apoio da superestrutura.

 

Estes sinais claros do elevado risco de perda da estabilidade dos referidos pilares, agora trabalhando com seção reduzida de concreto e resistência praticamente nula às solicitações de flexão, exigem providências imediatas: a interdição do tráfego sobre os tabuleiros IV, V e XVII (movimentos da Via Dutra à Av. Salim Farah Maluf e da pista local da Av. Marginal do Tietê à Av. Salim Farah Maluf), o escoramento dos tabuleiros junto aos pilares P10, P11, P50, P51 e P52 e a execução dos reforços necessários.

 

Para a execução do escoramento, foi necessária a escavação ao redor dos pilares até a exposição integral dos seus blocos de transferência das cargas aos tubulões. Nas primeiras operações no Apoio 10 (um dos mais danificados), verificou-se que o nível do solo em toda a região da obra havia sido muito alterado após a execução da obra, fato que exigiu o aprofundamento das escavações. Considerando-se que foram constatadas fissuras não direcionadas, tornou-se necessária a ampliação destas escavações no sentido de possibilitar verificar a sua extensão, profundidade e gravidade.

 

O escoramento foi executado conforme detalhes específicos emitidos pela Consultoria contratada, constando basicamente de perfis metálicos travados por anéis, diretamente entre a superfície do bloco e a superfície das vigas dos tabuleiros. Considerando a necessidade de substituição dos aparelhos de apoio queimados, a implantação destes perfis foi prevista de forma a possibilitar a colocação, em seu topo, de macacos hidráulicos. Desta forma, os macacos garantiram o perfeito cunhamento com madeira dos perfis na fase inicial de escoramento e, posteriormente, o seu acionamento levantou o tabuleiro para a substituição dos aparelhos de apoio.

 

Com o objetivo de identificar e delimitar as regiões nas quais as características mecânicas dos materiais componentes da estrutura (concreto e aço) foram alteradas pelo longo período em que as áreas estiveram submetidas a elevada temperatura atingida no sinistro, foi necessária a execução de uma série de ensaios tecnológicos:

  • O mapeamento das regiões calcinadas, realizado com base no aspecto visual das superfícies e em informações colhidas durante e logo após o sinistro, definiu as regiões da estrutura atingidas pelas chamas e altas temperaturas.

  • Avaliação das propriedades mecânicas do concreto, onde amostras dos pilares, laje de fundo e laje em balanço dos tabuleiros, coletadas em locais definidos pela Consultoria e distribuídos na região mapeada, foram submetidas à verificação da profundidade de calcinação através de exame visual (microscópico) e ensaios químicos, a determinação da resistência à compressão axial do concreto e a determinação do módulo de deformação.

  • Avaliação das propriedades mecânicas no aço CA-24 (comum), no aço CA-50 e nas armaduras de protensão (cordoalhas do Tab.V e fios de 7 mm dos tabuleiros Tab.IV e Tab.XVII).

Os resultados dos ensaios indicaram que o concreto mais interno encontrava-se com resistência maior que o especificado em projeto (condição esperada em função da perda de água), e que a região mais superficial (concreto calcinado) com espessura em torno de 3 a 4 cm apresentava resultados muito inferiores. O aço das armaduras frouxas mais atingidas teve sua qualidade modificada (resistência menor e provavelmente fragilizado), tanto para o CA-25 (armadura principal dos pilares), como para o CA-50A e B (armaduras de pele). Estas características confirmaram a necessidade de reforço estrutural para repor as condições de aderência das armaduras ao concreto e a ampliação de resistência da seção do tabuleiro no estado limite último com a incorporação de um pavimento de concreto armado.