atualizado em

17/02/2009

 
 
 Principal
 A empresa
 Área de atuação
 Trabalhos realizados
 Palestras
 Aparelho de apoio
 Contato
 Oportunidade

 

 

Tobogã do Pacaembu

 

Vibração das torcidas

 

 

O Tobogã do Pacaembu, construído há cerca de 25 anos, é um bom exemplo de estrutura em que a utilização foi alterada com a modificação do comportamento das torcidas. Um munícipe percebeu trepidações anormais em sua residência quando as torcidas organizadas se concentravam neste setor do estádio e comemoravam os gols do seu time e deu o sinal de alerta para o problema desta construção. Os especialistas da TECPONT, convocados a dar um parecer sobre os riscos envolvidos, iniciaram as vistorias e análises preliminares com o objetivo de caracterizar o problema e localizar eventuais anomalias realmente graves.

 

A estrutura é composta de três módulos basicamente iguais, separados por juntas de dilatação em sua parte superior, cada um deles criando três espaços úteis com vãos entre pórticos de 10 metros. Os três vãos contínuos de cada módulo são vencidos, ao nível da arquibancada propriamente dita, pelos próprios degraus interligados, com a altura estrutural de 38 cm, mesas colaborantes de 85 cm e espessura teórica de 5 cm. Nas faixas de circulação, junto às escadarias, foram implantados degraus intermediários para dar maior conforto ao usuário no acesso.

 

Estes degraus se apoiam diretamente com vínculo de engastamento nas vigas que, com seção variável 40/120 (no vão) a 40/250 (nos apoios), formam os pórticos transversais que compõem a estrutura base. Os pilares centrais dos pórticos, com dimensões de 40x70, são travados na direção longitudinal aos pilares de junta, com seção de metade de 20x70, por pequenas travessas de 20/60, espaçadas da altura de 7,00 metros, e pelas estruturas dos pavimentos intermediários.

 

Foram constatadas uma série de anomalias redutoras dos parâmetros de segurança, como a existência de revestimentos espessos, fissuras e trincas em várias peças importantes da estrutura, deslocamentos diferenciais e deformações permanentes excessivas. Entretanto, como as anomalias visíveis não eram suficientes para justificar o comportamento vibratório anormal sob ações dinâmicas, foi realizado um programa de ensaios de vibração para a monitorização durante eventos esportivos com um percentual grande de lotação.

 

A análise dos resultados destes ensaios iniciais de vibração permitiu concluir que a estrutura do Tobogã apresentava um comportamento anormal sob carregamentos dinâmicos, ou seja, sob a ação de vibrações de baixa freqüência e grande amplitude, e uma alteração do padrão vibratório na medida em que se ampliava a presença do público. Nos ensaios de freqüência natural da estrutura, foram registradas freqüências médias da ordem de 10 Hz, já muito baixas para esse tipo de estrutura. Entretanto, nas ocasiões em que foram monitoradas as vibrações em eventos com a arquibancada apenas parcialmente lotada, as freqüências nestes pontos caíram para níveis variando em torno de 4 a 5 Hz, ou seja, muito próximas das vibrações dinâmicas impostas pelos torcedores.


Esta condição é característica de estruturas que, no estado limite de utilização, trabalham em níveis de fissuração acima dos preconizados pelas normas. Mais carregada, a estrutura perdia rigidez por fissuração, reduzindo sua freqüência natural e deixando-a próxima dos valores impostos pelas torcidas, com riscos de ressonância. Estas condições induzem a grandes velocidades de partícula, em paralelo com o crescimento dos deslocamentos ou da amplitude de vibração a valores inaceitáveis.

O programa de restauração, recuperação e reforço das estruturas da arquibancada e de restauração das passarelas de acesso, realizado no sentido de assegurar condições normais de utilização pública do Setor Tobogã do Pacaembú, teve sua eficiência confirmada com um ensaio de carga x deformação.

As leituras da instrumentação realizada nos pontos escolhidos foram iniciadas no dia 27/04/97 com a arquibancada totalmente vazia, objetivando registrar de forma clara a ocorrência de eventuais deformações plásticas ou residuais. Analisando o diagrama esquemático apresentado das deflexões concluiu-se não terem sido anotadas deformações estáticas residuais dentro da precisão de 0,05 mm do equipamento utilizado. A máxima deformação estática + dinâmica medida (1,3 mm) foi inferior aquela estimada (1,96 mm), muito inferior àquelas registradas nos ensaios anteriores (3,89 mm), e com deformação residual de 1,16 mm.

 

 

Do registro contínuo gravado pelo Analisador, verifica-se que a oscilação característica da arquibancada lotada tem amplitude de 0,14 mm e que no período curto do evento mais determinante a amplitude passa por valor máximo de 0,70 mm. Concluímos que os tratamentos executados corrigiram as anomalias constatadas conferindo monoliticidade às peças de concreto armado e reduzindo as deformações. Foram corrigidas as sensações incômodas de trepidação oriundas da proximidade entre as vibrações induzidas e a freqüência natural da estrutura, hoje, com a relação mínima de 3 Hz (induzida) para 12 Hz (natural). Esta condição foi subjetivamente confirmada pelos nossos engenheiros que participaram de todos os ensaios realizados, comprovando a eficiência dos serviços executados.