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17/02/2009

 
 
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Cratera sob a Ponte Eng. Ary Torres

 

Acidente no entroncamento das galerias do Córrego Traição e do Dreno do Brooklin

 

 

Atendendo à convocação de SVP, os especialistas da TECPONT compareceram ao Pátio do CET sob a Ponte Engenheiro Ary Torres nas primeiras horas do dia 09/06/97, pouco depois do surgimento do grande buraco sob o estacionamento ali existente. Enquanto ainda rompiam algumas cunhas de solo no contorno da cratera, com o auxílio de holofotes foi feito um primeiro exame da área envolvida, com cerca de 300 metros quadrados e uma profundidade superior a 10 metros, ocasião em que verificou-se que sua origem teria sido o rompimento brusco da laje de cobertura da galeria do Dreno do Brooklin Paulista, exatamente na conexão com a galeria do Córrego Traição. O acidente, sem vítimas, envolveu, entretanto, quatro veículos de passeio que, estacionados sobre a área em questão, praticamente foram soterrados.

 

A caixa de entroncamento das galerias do Córrego Traição e do Dreno do Brooklin Paulista, ambas compostas por células múltiplas e construídas já há algum tempo, localiza-se muito próximo do apoio P10 da Ponte Eng. Ary Torres, executada em 1975. De imediato, verificou-se que o contorno do talude negativo distava cerca de 3 metros do pilar e as trincas existentes no piso do pátio, além de caracterizarem a formação de outras cunhas de ruptura do solo envolvente, mostravam uma grande probabilidade de ocorrer uma ampliação do buraco.

 

Naquela mesma madrugada, com o julgamento unânime dos riscos de perda de estabilidade do pilar da ponte, foram iniciados os serviços de emergência. Com base no cadastro de interferências, levantado junto a EMURB para orientar o projeto da alça da Ponte Engenheiro Ary Torres para a Av. Engenheiro Luís Carlos Berrini, e nos detalhes do projeto das fundações dos pilares P10 e P11 encontrados nos arquivos da Tecpont, foram definidos os procedimentos iniciais de segurança e aqueles objetivando assegurar a estabilidade da estrutura da Ponte Engenheiro Ary Torres e dos taludes no contorno do buraco:

  • Monitoramento de precisão para detectar eventuais deslocamentos do apoio P10. Alertou-se que, no caso de ser percebida qualquer anomalia, como o crescimento da velocidade das deformações sob monitoramento, a obra deveria ser imediatamente evacuada para outras providências. Por medida de segurança, o CET tomou as devidas providências no sentido de viabilizar a curto prazo o desvio do tráfego sobre a obra, caso esta operação fosse exigida.

  • Executar, a curto prazo, o rebaixamento do solo em torno do pilar até o nível inferior do bloco, no sentido de reduzir as pressões de terra.

  • Executar a estabilização de eventual cunha de ruptura envolvendo o solo de embutimento das fundações do apoio P10 com um arco de cavaletes de estacas raiz.

  • Remover o entulho e limpar o buraco no sentido de possibilitar a vistoria das estruturas remanescentes e definir a área de trabalho.

  • Proteger a superfície dos taludes em todo o contorno do buraco, com a aplicação de armadura em tela e projeção de concreto.

  • Realizar topografia de confirmação do cadastro EMURB, referenciando ao mesmo sistema de coordenadas e nivelamento as guias das pistas existentes na área.

A análise estrutural dos detalhes da galeria do Dreno do Brooklin Paulista indicou que o trecho da Construtora Mundial Ltda. foi projetado no período de 1971, adotando-se um cobrimento de 2 cm, usual naquela época, e uma altura de terra limite de 2,00 metros. Os cálculos realizados para estas diretrizes indicam condições normais de segurança para a estrutura detalhada. Entretanto, na medida em que os trabalhos iniciais foram possibilitando o acesso à estrutura, foram constatadas divergências drásticas com relação a cobertura de terra sobre a galeria. No trecho em que a laje de cobertura rompeu, a altura de terra sobre a laje de cobertura era da ordem de 6,00 metros, altura esta que poderia ser reduzida para 5,00 metros com movimentos de terra para o nivelamento da área do pátio do CET e das pistas de contorno.

 

Por outro lado, por ocasião das primeiras vistorias do interior das células, verificou-se o fato agravante do ataque agressivo dos gases ao concreto e às armaduras, resultando, após estes 25 anos, em grande percentual de armaduras já expostas e bastante danificadas por corrosão.

 

As primeiras trincas surgiram com o excesso de carga permanente, trincas estas que aceleraram o processo de ataque dos gases às armaduras, já com baixo cobrimento. Com a perda de seção resistente das armaduras principais, a estrutura atingiu o estado limite último e rompeu de forma brusca. Reconhecidas as causas do acidente, foram propostas soluções para a recomposição do sistema de drenagem prejudicado pelo acidente, naturalmente procurando-se evitar interrupções do tráfego em vias tão importantes para a cidade. Sob a coordenação da PMSP, foram definidas as seguintes diretrizes básicas para o projeto:

  • Reestudo hidráulico do conjunto de galerias e criação de uma caixa de interligação de todas as células existentes, proporcionando as vazões de forma adequada;

  • Usar a metodologia de parede diafragma para viabilizar as escavações e a reconstrução das lajes de fundo, paredes e lajes de cobertura danificadas pela ruptura;

  • Usar métodos não destrutivos para construção da conexão com os outros ramos da galeria do Dreno do Brooklin Paulista.

Vista geral das escavações sob a Ponte Eng. Ary Torres, próximo ao pilar P10, mostrando os taludes protegidos com concreto projetado junto à caixa de encontro das galerias rompida. O rebaixamento do terreno foi realizado com o objetivo de aliviar o excesso de carga nas galerias envolvidas.

 

Escavação para alívio de cargas no entorno do bloco do pilar junto ao buraco, mostrando o arco executado com estacas raiz, coroado por viga armada. Realizado com o intuito de cortar a cunha de ruptura do solo junto ao pilar do apoio 10, a estrutura reduz a possibilidade de danos causados pelo empuxo atuante no pilar.

 

Vista geral das obras sob a Ponte Eng. Ary Torres, mostrando o terreno rebaixado e o início dos serviços para execução da parede guia da parede diafragma, estrutura que viabilizou as escavações e a reconstrução das lajes de fundo, paredes e lajes de cobertura danificadas pela ruptura.